jejum

Há anos que se investigam os benefícios do jejum.

By: | Tags: | Comments: 0 | Abril 18th, 2017

Comer menos e a restrição calórica, parecem de facto aumentar a longevidade.

Na verdade na antiguidade, o homem vivia da caça e só comia quando “possível”.

O jejum periódico não é uma novidade e já é praticado há milhares de anos e recomendado por várias religiões em algum determinado período do ano como forma de “purificação” e “renovação” física e espiritual.

Penso que será consensual a ideia de que comer menos é uma das medidas mais efetivas para retardar o envelhecimento e diminuir o risco de doenças. Só por curiosidade, comer “em grupo” leva a um aumento do consumo em cerca de 20 a 40% mais calorias do que comer sozinho.

A restrição calórica ativa um complexo de enzimas chamada de sirtuínas, que atuam em genes que ajudam a promover a longevidade e retardar o envelhecimento das células.

Quando fazemos jejum, o cérebro tem de arranjar forma de substituir a glicose e produzimos os “corpos cetónicos”: Este processo ativa a formação de BDNF (brain-derivaved neurotrophic factor), que ajuda a aumentar a plasticidade sináptica dos neurônios e ativar as células estaminais para a formação de novos neurônios.

Estes efeitos podem ajudar na melhora da memória e até mesmo retardar o envelhecimento cerebral. Outras pesquisas mostraram que o jejum intermitente pode ajudar no emagrecimento, diminuir o risco de diabetes, reduzir a pressão arterial, melhorar o perfil lipídico, reduzir inflamação, assim diminuindo o risco de doenças crônicas como enfartes do miocárdio, acidentes vasculares e até cancro.

O jejum é uma boa forma de “desintoxicação” do organismo, estimula muitas hormonas, melhora a sensibilidade à insulina (sobretudo se associado ao exercício físico).

Normaliza a leptina e a greleína, as hormonas que nos deixam saciados ou nos dão a indicação de “fome”. A leptina manda a informação ao cérebro de que os depósitos de gordura são suficientes para a manutenção da vida e reprodução. Sem gordura não vivemos e as dietas pobres em gordura não resultam pois a leptina não executa bem o seu trabalho e sentimos sempre fome, tornando a dieta muito difícil de sustentar. Vamos criar uma resistência à leptina semelhante ao que acontece com a insulina.

Foram efectuados estudos com várias formas de jejum desde 12-24h, de 1 até 3 vezes por semana ou até dias alternados, mas não existe um consenso de qual seria a melhor delas.

A verdade é que nem todas as pessoas podem realizar esta estratégia nutricional. Dependendo dos medicamentos que utilizam, estado nutricional, idade e até mesmo patologias prévias, pode ser nocivo à sua saúde efectuar o jejum.

Este problema é sobretudo mais comum na mulher onde o jejum pode gerar uma situação de stress, aumentando o cortisol e sobrecarregando a supra-renal atingindo um estado de “fadiga adrenal”. Aparece então o cansaço, ansiedade, e toda uma disrupção hormonal com frenação da tiróide levando à irregularidade dos ciclos menstruais.

O que eu recomendo é comer a última refeição cedo, nunca depois das 20 horas, e assim estamos em jejum mais do que as supostas 6 a 8 horas necessárias para que o fígado comece a utilizar as suas reservas de glicogénio, e todo o nosso metabolismo se altere no sentido da desintoxicação, estimulação imunitárias, e todos os outros benefícios hoje conhecidos e atribuídos ao jejum. Saltar o pequeno almoço uma vez por outra pode ser igualmente bom, face às pesquisas recentemente divulgadas.

Sempre preconizei o exercício físico em jejum. Mas devemos comer logo após para não causar “stress” ao nosso corpo e cérebro. E esta refeição deve ser rica em proteínas.

São as proteínas e os hidratos de carbono que dizem ao corpo para deixar de queimar a gordura

Dra. Ivone Mirpuri